Sobre

A iniciativa Água e Moradia reúne projetos de pesquisa e extensão sobre as dificuldades cotidianas de acesso à água que os moradores e moradoras de assentamentos precários vivenciam, uma vez que o problema de acesso à água está presente no dia a dia das pessoas e impacta a forma como elas organizam as suas atividades e a sua qualidade de vida. Assim, busca-se identificar, compreender e mapear as dificuldades no acesso à água em diferentes formas de moradia precária.

A partir do conceito de insegurança hídrica domiciliar, os projetos analisam os problemas de de infraestrutura de saneamento básico, mas também as relações sociais que se dão no processo de acesso à água, como o impacto na rotina devido a intermitência do abastecimento de água e a dificuldade em pagar a conta por este serviço. Assim, observa-se que a falta de água está presente tanto para aqueles com acesso à rede de abastecimento quanto aqueles sem acesso. Relatos sobre a necessidade de acordar no meio da madrugada para armazenar água e lavar roupa, o investimento financeiro em um sistema de coleta e armazenamento de água que vão além da caixa d’água para garantir que as atividades de higiene e alimentação fossem realizadas e o sentimento de frustração e irritação por não ter água e o alívio de quando ela chega na torneira, são alguns exemplos das experiências de insegurança hídrica domiciliar que a população que vive em áreas de moradias precárias vivenciam. 

Para captar tais experiências, utiliza-se uma combinação de metodologias quantitativas e qualitativas, como questionário eletrônico, entrevistas em profundidade voltado para os moradores e moradoras dessas áreas, diálogo com o poder público e a Companhia de Saneamento Básico, observação participante, entre outros métodos. Até o momento, os projetos desenvolveram estudos sobre áreas na Região Metropolitana de São Paulo, principalmente o município de São Paulo e a Região do ABC.

Toda concepção e divulgação dos projetos foram feitas de forma articulada com os parceiros do Laboratório Justiça Territorial (LabJuta-UFABC) atuantes no território, tais como, a Central de Movimentos Populares (CMP), a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP), a articulação de favelas e ocupações da zona sul de São Paulo, a rede de movimentos de moradia de ocupações de edifícios da região central de São Paulo, Movimento de Defesa dos Direitos dos Moradores em Núcleos Habitacionais de Santo André (MDDF) e Observatório dos Direito Humanos à Água e ao Saneamento (ONDAS), além de outros movimentos e associações atuantes na Região Metropolitana de São Paulo e conta com a parceria de pesquisadoras da Universidade de Michigan (Taubman College). 

Espera-se que os resultados dos projetos ajudem a luta da população pelo acesso à água limpa, como estratégia de segurança hídrica, bem como contribuir para políticas públicas emergenciais e de longo prazo.