No cotidiano do centro de São Paulo, em específico dos edifícios ociosos e abandonados que passam por processos de ocupação pelos movimentos de luta pela moradia, geralmente o acesso à água ocorre por meio de uma ligação alternativa à rede urbana. Fora do sistema oficial de abastecimento, a distribuição e utilização da água seguem práticas acordadas entre os moradores da ocupação. Neste sentido, a observação desta comunidade pelas lentes da segurança hídrica, conceito que combina o debate sobre disponibilidade de água com uma análise crítica das relações sociais, na consolidação do acesso em determinados contextos, contribui para uma reflexão mais profunda a respeito das desigualdades socioambientais presentes no recorte específico da região central da cidade de São Paulo.

Este trabalho propõe a análise das relações entre a própria água, infraestruturas existentes e estratégias de organização internas. Ainda, a pesquisa desenvolve um argumento teórico baseado no conceito de segurança hídrica para, a partir da análise dos resultados de entrevistas semiestruturadas, compreender o ciclo hidrossocial da Ocupação Mauá.

Por fim, ao dialogar com a agenda da Ecologia Política Urbana, o trabalho se posiciona como um questionamento ampliado das questões de acesso à água para moradores de Ocupações por Moradia Digna no centro de São Paulo. Os resultados da análise dos dados fornecidos pelos ocupantes permitiram a verificação das condições de segurança hídrica na Ocupação. Portanto, neste documento se encontra a constituição final da dissertação como uma síntese de todo o processo de pesquisa com a comunidade, embasado pelas discussões construídas ao longo do curso de mestrado e cujos resultados visam contribuir para futuras pesquisas.